Onde os indígenas encontram os quilombolas
Oriximiná e o sítio da Madá, no Caipuru, passando por Santarém, de 31 de julho a 8 de agosto de 2021

Na margem do rio Trombetas, Oriximiná (PA) celebrava Santo Antônio, padroeiro da cidade, na tradicional festividade que acontece do primeiro ao terceiro domingo de agosto. Quase toda casa tinha nas portas ou fachadas imagens e velas acesas em homenagem ao santo no município com a maior presença católica entre todos os visitados neste projeto, e que tem na Matriz dedicada ao padroeiro o seu principal ponto turístico, geográfico e social.

Aqui se intensifica o convívio entre indígenas e quilombolas, vislumbrado no fim do quarto capítulo, quando Simone Karipuna conta de suas lembranças com o Povo Saramacá, uma das seis nações semiautônomas formadas por negros libertos da escravidão no Suriname. A região tem 37 comunidades quilombolas e as TIs homologadas Trombetas-Mapuera e Nhamundá-Mapuera.


A relação entre indígenas e quilombolas nem sempre foi amistosa e até hoje acontecem divergências. Não é o caso da família de Jaime Wai Wai e Rubiane Simões, ele indígena, ela quilombola, pais de Jamily, 6, e esperando o segundo filho ou filha. O sítio da avó de Rubiane, Madá, é o principal ponto de encontro de negros e indígenas da família, e tem até praia particular que, com a cheia começando a baixar, ainda não estava aparecendo inteira, como mostra a foto ao lado.

Este capítulo gira em torno desta família unida de negros com os Wai Wai. Além deles, também estão entre os entrevistados representantes da Arqmo (Associação dos Remanescentes de Quilombolas do Município de Oriximiná), o secretário de Educação da cidade, primeiro quilombola a assumir o cargo, e Juventino Kaxuyana, liderança do Povo Katxuyana, que teve sua terra demarcada mas ainda não homologada, e que foi transferido pequeno pelos missionários para o Parque do Tumucumaque, no procedimento relatado no quarto capítulo, e voltou para reivindicar o território original de sua gente.
